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Canção de Ninar Rock And Roll

Regina Duarte em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

A abertura da novela Selva de Pedra, foi marcada por uma sequência icônica que capturou a essência dramática da trama. Logo de cara vemos Francisco Cuoco encarando a câmera, antes da escultura de ferro se juntar a ele e os créditos começarem aparecer. Na sequência nos deparamos com um leão de pedra com o nome de Regina Duarte. Quando pensamos neste animal, imediatamente o associamos à majestade da floresta, à figura do rei que irradia força, coragem e bravura, impondo respeito e temor a todos que cruzam seu caminho. Será que esse leão está representando a força da Simone?

Após apresentar o casal central, começamos a passear pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, sempre em movimento ao som do tema musical "Selva de Pedra", interpretado pela Orquestra e Coral Som Livre, preenchia o ambiente com sua melodia envolvente, reforçando a atmosfera de mistério e romance que veríamos logo mais. Esta combinação visual e musical deixou uma marca duradoura na memória dos telespectadores, tornando-se um dos elementos mais memoráveis da produção.

Abertura de Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Reprodução YouTube

Trilha Sonora

Capa do LP nacional de Selva de Pedra em 1972 / Reprodução

LADO A
01.
Capitão de Indústria - Djalma Dias
02. Mandato - Osmar Milito e Quarteto Forma
03. Simone - Ângela Valle e Eustáquio Sena
04. Corpo Sano em Mente Sã - Osmar Milito e Quarteto Forma
05. Selva de Pedra - Orquestra e Coral Som Livre
06. Rhythmetron Op. 27 - Marlos Nobre

LADO B
01.
O Beato - Marcos Valle
02. Ligação - Orquestra e Coral Som Livre
03. América Latina - Osmar Milito e Quarteto Forma
04. Corpo Jovem - Luís Roberto
05. Longo de Dior - João Luiz
06. Ritual - Marlos Nobre

Regina Duarte em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

A curadoria musical desta trilha sonora foram os irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. O álbum se destaca logo de início com uma das melhores músicas da seleção, "Capitão De Indústria", composta por Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle para a trilha sonora da novela. A canção, interpretada por Djalma Dias em uma gravação memorável para a trama que marcou o Brasil há quase 50 anos, contou com arranjo do maestro Waltel Branco e com o piano do próprio Marcos Valle.

"Capitão De Indústria" retrata a reflexão de um trabalhador a partir da realidade concreta de sua atuação fabril. Para os mais jovens, essa bela canção pode ser lembrada na voz do grupo Paralamas do Sucesso, presente no disco batizado como Nove Luas (1998).

Regina Duarte e Francisco Cuoco em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

Tanto a música "Simone", interpretada por Ângela Valle e Eustáquio Sena, quanto "Corpo Sano em Mente Sã", de Osmar Milito e Quarteto Forma, foram inspiradas na descrição das personagens da novela. Vale ressaltar que, nessa época, a maioria das músicas eram criadas especialmente para as novelas, destacando a estreita relação entre a música e a narrativa televisiva.

A música selecionada para a abertura foi "Selva de Pedra", interpretada pela Orquestra e Coral Som Livre, também conhecidos como Coro Som Livre, reconhecidos por seus diversos temas de novelas.

Regina Duarte e Francisco Cuoco em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

A música "O Beato", na voz de Marcos Valle, serviu como tema musical para o personagem Sebastião (Mário Lago), que desempenha o papel de pai de Cristiano na novela.

Ao livro Teletema: A História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira - Vol. 1 1964 a 1989, lançado no final de 2014, o compositor Paulo Sérgio Valle, lembrou das dificuldades da criação da canção.

“Essa foi a que mais deu trabalho porque era difícil achar uma música que falasse do beato sem ficar uma coisa muito séria ou caricata.”

Gloria Pires e Carlos Vereza em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

Enquanto folheava as páginas do livro Teletema, deparei-me com um acontecimento intrigante relacionado à canção "Rhythmetron Op. 27", composição de Marlos Nobre, que na época teve a sua canção lançada em 1971 em um LP, por meio de um amigo, ele ficou sabendo que a sua composição foi inserida na trama Bandeira 2, sem a sua autorização e sem os devidos créditos. Após acionar um advogado, a resposta veio:

“Recebi uma boa quantia em dinheiro e entre outras coisas, o contrato impunha a inclusão da minha música no LP da novela. Como a trilha de Bandeira 2 já estava no mercado, sobrou para ser colocada no LP da próxima novela que veio a ser Selva de Pedra, inclusive, eu gostei muito da maneira como as minhas músicas foram inseridas nos momentos dramáticos e tenso da novela", relembrou Nobre.

Dina Sfat e Gilberto Martinho em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

Após aquele episódio, todas as emissoras de televisão adotaram a prática de pagar pelos direitos autorais devidos aos compositores e intérpretes. Esse marco mudou a forma como a indústria tratava a propriedade intelectual, garantindo que os criadores das músicas recebessem a devida compensação financeira pelo uso de suas obras. Assim, estabeleceu-se um novo padrão de respeito e valorização do trabalho artístico dentro do setor.

Em 2001, a Som Livre trouxe de volta a trilha sonora nacional de Selva de Pedra em CD, como parte da coleção Campeões de Audiência. Essa coleção, composta por 20 trilhas sonoras de novelas que se destacaram em vendas, apresentou pela primeira vez em formato de CD os títulos lançados até 1988, marcando um marco na história das trilhas sonoras de novelas.

Capa do LP internacional de Selva de Pedra em 1972 / Reprodução

LADO A
01. Rock And Roll Lullaby – B.J. Thomas
02. Jesus – Billbox Group
03. Floy Joy – The Supremes
04. Ain’t No Sunshine – Michael Jackson
05. Son Of My Father – Giorgio
06. A Taste Of Excitement – Carnaby Street Pop Orchestra & Choir

LADO B
01.
La Question – Françoise Hardy
02. Mary Blind Mary – Laurent & Mardi Gras
03. Sleepy Shores – Free Sound Orchestra
04. Feel The Need – Damon Shawn
05. Let It Ride – Hard Horse
06. Frightened Girl – Silent Majority

Regina Duarte e Edney Giovenazzi em Selva de Pedra - 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

As canções internacionais sempre se destacaram mais do que as nacionais, isso ainda acontece nos dias atuais. Pensando de forma estratégica, algumas canções internacionais passaram a ser tocadas logo no começo da trama. Em Selva de Pedra por exemplo, “Rock And Roll Lullaby” começou a ser tocada como tema principal do casal de apaixonados, na segunda semana de exibição.

Além de marcar história na teledramaturgia, ela também possui uma trilha sonora marcante, elaborada por Marcos e Paulo Sérgio Valle que juntos selecionaram belas canções que são lembradas até hoje. Billy Joe Thomas é conhecido pelo seu nome artístico B.J Thomas, ele é o responsável por cantar o tema dos protagonistas “Rock And Roll Lullaby”, escrita por Barry Mann e Cynthia Weil. A canção conquistou o Brasil em 1972, o mais engraçado é que a música não fez o mesmo sucesso nos Estados Unidos.

Segundo os dados do Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais (ECAD), a composição conquistou o quinto lugar de música mais executadas nas rádios de 1972. Já o disco do cantor ficou entre os mais vendidos daquele ano, o mesmo aconteceu no ano anterior, onde B.J Thomas ainda não fazia parte de nenhuma trilha sonora de novela.

A letra dessa canção narra a trajetória de uma mãe de apenas 16 anos, que se vê obrigada a criar sozinha o seu filho recém-nascido. Todas as vezes que a criança chorava, a mãe cantava o famoso “Sha na na na na na”, na intenção que ele se acalmasse e dormisse. Como a maioria do público não entendia a letra em inglês, a canção ganhou ares românticos ao ser selecionada como tema dos protagonistas: Cristiano Vilhena e Simone Marques/Rosana Reis. O sucesso foi tanto que 14 anos depois, ela retornaria como tema de abertura do remake de Selva de Pedra, lançado em 1986, só que desta vez em uma versão instrumental.

Emiliano Queiroz, Carlos Eduardo Dolabella e Gilberto Martinho em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

A trilha está recheada de belas canções e com artistas consagrados. “Ain’t No Sunshine” é uma composição escrita por Bill Withers, e lançada em seu álbum Just As I Am, em 1971. A canção já teve várias regravações e a melhor delas foi gravada na voz de Michael Jackson, que mandava para as lojas o seu primeiro álbum solo, titulado como Got to Be There, lançado em 1972, conquistado mais de 5 milhões de cópias vendidas. Não faz muito tempo que a canção foi inserida na trilha de Espelho da Vida (2018), na sua versão original com Bill Withers.

“Son Of My Father” se popularizou em 1972, na voz do grupo pop inglês Chicory Tip. A canção foi originalmente lançada em alemão como “Nachts Scheint Morrem Sonne”, em 1971. No entanto, a versão que entrou para a trilha de Selva de Pedra internacional foi cantada por Giorgio Moroder. A faixa é uma das mais animadas e também uma das minhas prediletas.

Regina Duarte em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

“A Taste Of Excitement” é uma canção da orquestra Carnaby Street Pop Orchestra And Choir, liderada por Keith Mansfield e laçado em 1969. Esse foi o único disco lançado com essa denominação, que aparenta ser muito procurado pelos colecionadores de plantão. Do mesmo disco foi retirada a canção “Drum Diddkey”, usada durante as cenas do próximo capítulo, mas essa não entrou na trilha oficial da novela. Outra música que também saiu desse mesmo álbum que ouvimos até hoje é “Dr Jeckle and Hyde Park”, como tema de abertura do Esporte Espetacular, da Rede Globo. Aqui no Brasil, o nome da música foi alterado para “Hyde Park”.

Dina Sfat, Regina Duarte e Edney Giovenazzi em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

Antigamente era muito comum inserir uma ou mais canções em francês nas trilhas internacionais, a escolhida da vez foi “La Question”, da cantora francesa Françoise Hardy, que teve o seu álbum sem título lançado em 1971 e contou com a colaboração do musicista brasileiro Tuca. A canção fez tanto sucesso que muitos acabaram batizando o álbum com o mesmo nome da música. Françoise Hardy é conhecida como uma das maiores compositoras francesas e seu estilo vem influenciando muitas gerações.

O disco termina com a canção “Frightened Gilrl”, do quinteto Silent Majority, tema da antagonista Fernanda, interpretada brilhantemente por Dina Staf. A letra da canção se encaixava perfeitamente com a personagem de Dina que é abandonada pelo noivo Cristiano no altar.

Na capa não temos muitas novidades, sendo que a Som Livre tinha um padrão que era seguido fielmente naquele período. A trilha internacional mostra a escultura de um rosto, que na abertura corresponde ao personagem de Francisco Cuoco. Já a contracapa apresenta a sombra de um leão de pedra, contendo a seleção do repertório.

Arlete Sales em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

A verdade é que a trilha de Selva de Pedra internacional foi um grande sucesso, atingindo a tiragem de 451.307 mil cópias vendidas. Os garimpeiros de LPs com certeza sempre se deparam com esse disco quando sai a caça das trilhas que ainda faltam para completar a sua coleção. No entanto, nem sempre é possível encontrar esse clássico em um bom estado, pois esse disco tem o seu plástico próprio o que dificulta a limpeza da capa e sobrecapa.

Francisco Cuoco e Regina Duarte em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

Ficha Técnica

Autoria: Janete Clair | Direção: Daniel Filho e Walter Avancini | Codireção: Reynaldo Boury e Milton Gonçalves | Período de exibição: 10/04/1972 – 23/01/1973 | Horário: 20h | Nº de Capítulos: 243

Fontes de pesquisas: Livro Teletema: A História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira - Vol. 1 1964 a 1989; O Livro do Boni; Memória da Telenovela Brasileira; Site Teledramaturgia; Site Memória Globo; Blog Revista Amiga e Novelas e Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais.

Regina Duarte e Dina Sfat em Selva de Pedra – 1ª versão, 1972 / Divulgação Rede Globo

Mau Bullock

Autor

Desde a infância, minha paixão por TV e novelas me levou a explorar os bastidores da teledramaturgia, revelando processos criativos e curiosidades das produções.

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